terça-feira, 21 de julho de 2015

O Mundial não chega para chegar às capas

Portugal, como poderá - ou não - saber, foi ontem campeão do Mundo pela primeira vez desde que a FIFA tomou conta do desporto e das suas competições (já o tinha sido antes em 2001).
 
Não serei aqui um hipócrita, pelo que serei o primeiro a admitir que não acompanho o desporto, apenas me dando a esse trabalho/prazer quando joga a selecção nacional; algo que não posso dizer em relação ao futebol de 11, ao hóquei em patins ou ao andebol - por exemplo. Isto porque: 1º o clube do qual sou adepto não tem esta modalidade, 2º porque a sua cobertura mediática (em qualquer canal) é tão baixa e fraca que faz o maior entusiasta do desporto esquecer-se da sua existência.
 
Mas quando joga a selecção é diferente. Se não acompanho é porque não posso, mas faço para que possa. É, afinal, um valor mais alto que se alevanta, quando se vê aqueles atletas a dar tudo pelo nome da nossa pátria. E este mundial teve um bónus, fomos campeões em Espinho, na nossa casa, na nossa pátria. Jogámos contra as melhores selecções deste desporto (a Suiça, forte em termos de clubes e campeonatos europeus; a Rússia bi-campeã mundial, uma selecção nada fácil; e o Taiti uma selecção que se mostrou excelente - e que se não jogasse contra nós, provavelmente teria apoiado; faltou o Brasil, mas fica para a próxima o tetra-campeão mundial)
 
Assim sendo fiz - como muitos portugueses o fizeram - o esforço de ligar a televisão e apoiar aqueles que levavam ao peito o nosso escudo, sendo alguns deles - como Madjer, Alan e Andrade - uns dos melhores na história desta modalidade.

E desta vez, ao contrário de outras vezes em que ficámos nos amargos 2º e 3º do pódio, talvez por ser cá, conseguimos erguer a taça que mais uma vez põe Portugal nas bocas do Mundo do Desporto.
 
Seria de pensar que tal feito seria bem estimado pelo povo do lado vencedor e que no dia seguinte estariam os "reis da areia" nas capas de todos os jornais e repetidos n vezes nos telejornais, que sairiam pósteres com a mais recente conquista de um país que já tanto ao desporto deu; tal e qual como acontece quando um dos três grandes vence qualquer título. Mas não.
 
A transmissão da RTP foi, como já o tinham outras sido (refiro-me mais concretamente à final da Taça de Portugal que demonstrou várias falhas técnicas durante a emissão) medíocre - e isso é um elogio - mostrando todos os prémios individuais e colectivos menos aquele que interessava a todos: a selecção a erguer a taça e a tornar-se campeã do Mundo, achando por bem fazer-nos esperar pelo telejornal para ver, depois, o que já nos parecia fora de lugar e contexto.
 
Nos jornais não chega a fazer as manchetes que seriam de esperar quando se ganha qualquer prova. Nos desportivos apenas A BOLA se lembrou que a selcção > a rumores de/ou transferências de mercado. Vá lá. Ainda um se lembrou. Posters? Nem vê-los... Mas sai com O JOGO um de Iker Casillas na quarta-feira. Atenção a isto: um jogador (que se consultar o meu perfil no Google + fica a saber que é do meu clube) é mais importante do que a selecção nacional, ganhar um Mundial, cá.
 
abola20ojogo20record20

É uma vergonha e uma desilusão ver que temos uns media que só se focam com um único deporto, todos os outros ficam para o interior, lá bem para dentro, para ser treslido por quem tiver a paciência.

Atenção que não estamos a falar dos Jogos Europeus ou dos Olímpicos, que duram vastas e longas horas em fusos horários muitas vezes diferentes dos nossos e com tantas categorias que ninguém sabe ao certo quando está um português em campo. Estamos a falar de uma modalidade que tem para o futebol de 11 a mesma relação que o futsal (campo diferente, menos jogadores e regras adaptadas a esse estilo de jogo). Isto faz que com os nossos media criem um povo que não só não se interessa por outras modalidades em que damos (e muitas cartas) atletismo, judo, hóquei; mas como também reprime tudo o que não seja ligado ao futebol normal.

A selecção está de parabéns pelo excelente Mundial realizado e pela conquista bem merecida; os media nem tanto, e espero que hajam mudanças até Portugal voltar a ser campeão mundial noutra modalidade (o que por este andar será muito mais rápido do que no futebol de 11).
 

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